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segunda-feira, 1 de março de 2010

Fofoca

O MOTEL

Mirtes não se agüentou e contou para a Lurdes:

- Viram teu marido entrando num motel.

A Lurdes abriu a boca e arregalou os olhos. Ficou assim,
uma estátua de espanto, durante um minuto, um minuto e meio.
Depois pediu detalhes.

- Quando? Onde? Com quem?

- Ontem. No Discretíssimu's.

- Com quem? Com quem?

- Isso eu não sei.

- Mas como? Era alta? Magra? Loira? Puxava de uma perna?

- Não sei, Lu.

- Carlos Alberto me paga. Ah, me paga.

Quando o Carlos Alberto chegou em casa, a Lurdes anunciou
que iria deixá-lo e contou por quê.

- Mas que história é essa, Lurdes?  Você sabe quem era a mulher
   que estava comigo no motel. Era você!

- Pois é. Maldita hora em que eu aceitei ir. Discretíssimu's!
   Toda a cidade ficou sabendo. Ainda bem que não me identificaram.

- Pois então?

- Pois então, que eu tenho que deixar você. Não vê? É o que
   todas as minhas amigas esperam que eu faça. Não sou mulher
   de ser enganada pelo marido e não reagir.

- Mas você não foi enganada. Quem estava comigo era você!

- Mas elas não sabem disso!

- Eu não acredito, Lurdes! Você vai desmanchar nosso casamento
   por isso? Por uma convenção?

- Vou!

Mais tarde, quando a Lurdes estava saindo de casa, com as malas,
o Carlos Alberto a interceptou. Estava sombrio:

- Acabo de receber um telefonema, disse.

- Era o Dico.

- O que ele queria?

- Fez mil rodeios, mas acabou me contando. Disse que,
   como meu amigo, tinha que contar.

- O quê?

- Você foi vista saindo do motel Discretíssimu's ontem, com um homem.

- Mas o homem era você!

- Eu sei, mas eu não fui identificado.

- Você não disse que era você?

- O que? Para que os meus amigos pensem que eu vou a motel
   com a minha própria mulher?

- E então?

- Desculpe, Lurdes, mas...

- Mas o quê?

- Vou ter que te dar uma surra...

(Luiz Fernando Veríssimo)

MORAL DA HISTÓRIA: 
DEVEMOS CUIDAR APENAS DA NOSSA 
 SAÚDE, POIS DA NOSSA VIDA, TODO MUNDO CUIDA.

 


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